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LEGADO ANCESTRAL VARINAWA
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2020

Novembro

AMAPACH@

     Este material foi produzido entre setembro e novembro de 2018 e junho de 2019, com o intuito de promover uma documentação das variadas formas de expressão musical na cultura katukina. Pelo fato da musica está presente em vários contextos sociais  e por ser carregada em sua expressão dos valores próprios de uma cultura podemos afirmar que a partir da musica podemos aprender dos valores e do povo. Infelizmente não posso documentar oo nome de todos os participantes de cada rodada de canto, mas na aldeia existe um grupo de cantores mais frequentes  que está aqui registrado. De qualquer forma, quase todos da aldeia participam das rodadas de canto, mas existe um grupo mais engajado na atividade.

    Os cantos Noke Koi como em qualquer outra sociedade acontecem contextualizados. O convívio para realização da pesquisa e criação da associação fortaleceu ao passo que eu compreendia e aprendia a vivenciar o dia dia junto com eles e entender como e quando aconteceriam as cantorias para estar no momento presente e atento.

    As gravações de txirinde por exemplo é possível ouvir o som dos passos e da fogueira bem como se pode ouvir na gravação o movimento das pessoas já que todos circulavam em torno da fogueira e nesse centro colocava o microfone.

    Os cantos saiti já aconteciam em reuniões geralmente com uma participação menor de pessoas e antecediam os cantos de Txirindê, chamando a força e e as visões Kene (palavra que se repete frequentemente nos cantos), do início. Como esses cantos são feitos como que em sequ~encia.Gravamos muito mais horas do que as que estão aqui. Selecionei de muitas  gravaçoes aquelas que tinham boas sessões de cantoria,  audio

 

Os cantos 

Saiti

    Cantos de cura, são específicos das reuniões com ayahuasca e chamam as forças dos ancestrais, das visões, cantos recebidos através do encontro com a jiboia, que coloca nos homens o poder de usar as palávras para fazer encantamentos de cura. Diferentemente do txirinde, os saiti são cantados individualmente e geralmente surgem apenas no contexto dos rituais com ayahuasca.  As pessoas que os cantam possuem experiência reconhecida no conteto da pajelança.Aqui temos a seleção das melhores gravações de momentos que  Cacu e Ako cantavam saiti. 

 

Txirinde

 

    Estes cantos são festivos, reunem as pessoas em um circulo de braços entrelaçados onde todos cantam em sincronia seguindo a pessoa que entoa as primeiras frases do canto. Toda faixa etária, inclusive as visitantes são convidados a cantar juntos. São cantos de reunão das aldeias, dos aliados, quando se reunem em período de colheitas  e pesca farta. Falam dos pássaros e seu comprtamento, das forças da natureza como a água, de árvores.  Na aldeia varinawa os principais puxadores durante nossa documentação foram Metsa, Ako, Meronda, Pina, Vina e Caco. Aqui temos as gravações no.. kupixawa de Meronda e 

 

Shuindya e a “reza”

 

    A sessão de rezas com Kamarati foi feita escola. Pessoas de casa diferentes da mesma aldeia acederam ao local. Um com a garganta dolorida e com dificuldade para cantar, um bebe que apresentava dificuldades de dormir a noite, uma mulher com dores no peito quando respirava, um jovem com dores nas costas. Esses cantos são específicos para tratamentos no qual o pajé retira o espirito causador da doença do corpo da pessoa e reestabelece o equilíbrio. O curandeiro teve de passar po um período de iniciação no qual através da ingestão da ayahuasca e do rapé seguindo as regras necessárias recebeu da cobra o chamado para ser um curandeiro. A partir de então ele passa a exercer essa função e na medida em que trata pessoas passa a ser reconhecido como.

     Nas sessões de tratamento ele se utiliza de rome poto e a oni, conhecimentos associados a jiboia, ser doador do poder de cura, de cantos curativos e conhecimentos botânicos. A jiboia se comunica com o pajé nos sonhos, nas sessões de cura. Essas rezas são recebidas no momento da cura ou em sonhos, através da comunicação com os ancestrais que lhes visitam e os Yuxin (espíritos) com poderes de cura, como a vinu runu, maike runu, espécies de jiboia que escolhem os dedicados aos conhecimentos e cura e em sonhos possuem o poder único de cura as enfermidades.

    Mais curioso é que pouquíssimos Noke Koi podem compreender a “reza” do shuindya, esta segundo eles é feita em outra língua, de certo modo enigmática, codificada dentro do contexto de relação com os seres responsáveis pela cura e pela doença. Esta língua é aprendida através de outros rezadores mais experientes, bem como nos sonhos xamânicos, estimulados pelo uso do rome poto (tabaco com cinzas) e de oni (ayahuasca)

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